sábado, 21 de abril de 2012

Retalhos de existência


Aí esta você...
Chorando o passado
Sonhando o futuro,
Juntado cacos de existência
Nadando contra a maré
Correndo contra o vento
Cultivando uma pueril fé
De eternos amanhãs
Nessa fuga contra o tempo
Tanto esforço em vão
Tanta luta sem razão
Costurando retalhos
Em peças esgarçadas
Tolamente remendadas
Se perdendo no espelho
Olhar fito na escuridão
Ignorando a realidade
Vivendo de faz de contas
 Brincado de felicidade
E nesse imenso vazio
Se aquecendo no calor da ilusão
Se escondendo atrás da emoção
Morrendo um pouco a cada dia
Emaranhado em fantasias
Se anulando, inerte e calado.
É a vida que macera
Que te seca e esvazia
Bruta, cruel, avassaladora...
Passa por ti com tanta pressa
Não vale querer agarrá-la
Deixe que passe por ti
Nada pode fazer
Não é nada incomum
Não é um deus
Nem anjo e nem demônio
É um pobre mortal qualquer.
Se  renda à brevidade da vida
Faça no hoje a viagem
De onde não levará nada
E estranhamente pode deixar
Um pedaço seu, aqui ou ali,
Não espere vê-la pelas costas
Sem ter sentido, sem ter amado
Sem ter sorrido, sem ter chorado
Sem ter remorsos, sem ter pecado
Sem marcas e sem feridas
Com tantos desejos guardados
E com tantas palavras contidas,
Não terá mais tempo, na partida...
Bruta, encantadora e maravilhosa,
Ela sempre se vai, silenciosa...
Sem hora marcada, sem aviso
Sem aceno, sem despedida!

Joana Maria

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