terça-feira, 25 de junho de 2013

TESTAMENTO DE UM SUICIDA

Um dia senti este mundo pequeno demais para mim. Então alguém do meu lado prometeu ampliá-lo, o engraçado que essa amplidão vinha dentro de uma seringa. Aceitei sua proposta e penetrei em outro mundo. Posso dizer que gostei, um mundo de miragens, tudo que eu procurava, uma sensação orgásmica um sonho ilusório de múltiplas sensações.
Até que certa hora acordei, cercado pelos tais ‘amigos’, todos jogados ao léu. Senti algo aqui em mim, me deprimi com aquela situação. Mas não demorou muito quis voltar a aquele mundo, não sei porque mas me sentia atraído, vivi tudo novamente, ao fim da noite a mesma angústia. Por vezes quis voltar, por livre e espontânea vontade. Mas aos poucos não tinha mais escolha, eu era obrigado a voltar ou então acho que morreria.
Não suportava mais a depressão as aflições do meu corpo e os delírios da minha mente. Aos poucos sentia que não era mais dono de mim, estava totalmente dependente e aquele mundo me guiava. Confesso que tentei fugir, mas me sentia como em um buraco negro sem expectativa de terra firme. Prisioneiro em uma cela revestida de pontiagudas lanças, se apertando mais e mais, gritava em total agonia, mas ninguém me ouvia.
Então me rendi, vi que sozinho não podia e procurei ajuda. E foi através dessa ajuda que descobri que meu problema vai bem além do vício. Nessas idas e vindas me deparei com um germe cruel, o vírus da própria morte. Antes cercado de amigos, hoje não tenho mais ninguém, pareço estar radioativo, todos querem distancia têm medo de me tocar. Me olho no espelho e não me reconheço, só vejo as feições da morte.
Em meu corpo esquelético o mundo se amplia, não suporto mais tanta amplidão, não aguento mais esse vazio, me enterrei na depressão. Quis mudar de mundo e conheci seu pior lado, onde havia só lodo. Procurei uma outra alternativa e caí direto em um fosso. Hoje não quero mais nada, gostaria de poder viver, mas gastei minhas fichas e não tenho mais chances. Minha vida se resume em pílulas, leito e dores.
Hoje fiz meu testamento, deixo a todos meu exemplo, meu mau exemplo diria.
Sonhe seus sonhos e os tornem reais,
Busque felicidade verdadeira, não segundos de delírio.
 Não se entregue nunca.
Lute por si mesmo até o fim.
 Saiba quando dizer não.
Saiba quando dizer sim.
Aprenda a conhecer as amizades
E a olhar dentro dos olhos.
Hoje vou embora dessa vida, até espero que exista outra, quero aprender a respeitá-la, já que essa eu não soube. Não me chamem de covarde, covardia maior é procurar um outro mundo, quando já se tem tudo. Vou dar um fim a esse tormento, só termino agora com o pulsar do coração, pois minha vida eu perdi há muito tempo, suicídio eu cometi, quando fui incapaz de dizer NÃO.
(Joana Maria)
Em algum mês do ano 2000

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Redescobrir...


Ando a procura...
Não sei o que quero
Só sei que quero.
Quero desbravar o meu interior.
Quero então me conhecer...
Seguir por essa trilha
Onde ninguém pode entrar.
Quero tocar o intato.
Quero que essa brisa
Vire ventania...
Fazendo brilhar
A luz de um novo dia.
Que vire tarde
Que vire noite
Que vire sonho
Quero essa nova guerra
Quero novas palavras
Novas frases
Novos versos
Novas poesias
Quero me banhar
Na fonte do renascer.
Quero um novo som
Para meu novo grito
Na direção do infinito
Não quero ecos
Não vou me repetir.
Será fácil? Não!
Carrego no peito
Um velho coração
Cheio de velhas ilusões.
E uma alma agonizante...
Que vive a me lembrar
Do seu velho medo 
De pecar...

(Joana Maria- 08/07/2001)

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Pobreza


É tão pobre aquele sujeito dentro do carro,
Percorre seu destino de um ponto ao outro.
Sem a oportunidade de conhecer vidas,
De conhecer histórias, descobrir exemplos.
É tão pobre o mundo daquele que ignora,
O estranho ao seu lado, e não o ouve.
Perde a oportunidade de ouvir vidas,
De ouvir histórias, expandir seu repertório.
É tão pobre o mundo de quem não se abaixa,
Para atender alguém que acha inferior.
Deixa passar a oportunidade de sentir vidas,
De sentir histórias, exercitar a emoção.
É pobre o mundo, de quem se prende em seu mundo,
De barreiras invisíveis, protegidos pelo egoísmo.
É tão pobre o mundo de quem não se entrega,
E não se deixa contaminar...
Pelas vidas, pelas histórias, pelas experiências,
Que borbulham ao seu lado, prontas para
Enriquecer sua vida, sua história, seus sentimentos...
Pare e descubra o “ser” humano ao seu lado.
E então se descubra “humano”!

 Joana Maria

domingo, 10 de junho de 2012



Quando vejo um crime hediondo. Depois as pessoas pedindo justiça divina e afirmando que deus sabe o que faz. Me lembro das discussões que tinha com minha mãe no auge dos meus oito ou nove anos, desde dessa idade eu não acreditava em um deus inteligente, benevolente que escreve certo por linhas tortas.
Imaginava esse deus, como alguém que constrói um pequeno lago. Com pedras brancas, água cristalina e povoa com pequeninas carpas coloridas. Aí um certo dia acha isso muito chato, para tornar as coisas mais interessantes coloca no pequeno lago duas traíras bem grandes para que aos poucos vá devorando as carpas. Ao ver as pequenas carpas sendo devoradas parte por parte, não retira as traíras pois está ensinando as carpas a sobreviver, a fugir mesmo que isso seja praticamente impossível!

(Joana Maria)

sábado, 21 de abril de 2012

Retalhos de existência


Aí esta você...
Chorando o passado
Sonhando o futuro,
Juntado cacos de existência
Nadando contra a maré
Correndo contra o vento
Cultivando uma pueril fé
De eternos amanhãs
Nessa fuga contra o tempo
Tanto esforço em vão
Tanta luta sem razão
Costurando retalhos
Em peças esgarçadas
Tolamente remendadas
Se perdendo no espelho
Olhar fito na escuridão
Ignorando a realidade
Vivendo de faz de contas
 Brincado de felicidade
E nesse imenso vazio
Se aquecendo no calor da ilusão
Se escondendo atrás da emoção
Morrendo um pouco a cada dia
Emaranhado em fantasias
Se anulando, inerte e calado.
É a vida que macera
Que te seca e esvazia
Bruta, cruel, avassaladora...
Passa por ti com tanta pressa
Não vale querer agarrá-la
Deixe que passe por ti
Nada pode fazer
Não é nada incomum
Não é um deus
Nem anjo e nem demônio
É um pobre mortal qualquer.
Se  renda à brevidade da vida
Faça no hoje a viagem
De onde não levará nada
E estranhamente pode deixar
Um pedaço seu, aqui ou ali,
Não espere vê-la pelas costas
Sem ter sentido, sem ter amado
Sem ter sorrido, sem ter chorado
Sem ter remorsos, sem ter pecado
Sem marcas e sem feridas
Com tantos desejos guardados
E com tantas palavras contidas,
Não terá mais tempo, na partida...
Bruta, encantadora e maravilhosa,
Ela sempre se vai, silenciosa...
Sem hora marcada, sem aviso
Sem aceno, sem despedida!

Joana Maria

domingo, 8 de abril de 2012

Páscoa do senhor Jesus?


“Tia, dá uma moeda pra mim comprá um ovo?”
Domingo de páscoa...
Pegadinhas de coelho por toda casa,
Mais uma tradição,
Mais uma alienação,
Mais um rito religioso,
Transformado em comércio,
Mais cordas para as marionetes.
Havia até esquecido,
Do desprezo que sinto
Por essas datas.
Mas aquele menino
Aquele olhar, me fez recordar.
E como explicar?
“Filho isso é ilusão”.
Ele não queria explicação,
Ele só queria o maldito ovo,
E talvez isso alimente nele,
Um ódio tão grande,
 Por essa sociedade hipócrita,
Que mais tarde terá a capacidade de dizer
Sem um pingo de culpa ou compaixão,
Infeliz, nóia, ladrão, assassino...
“Sem deus no coração”.


E talvez me perguntem, se eu dei o trocado, se comprei o ovo, se pudesse compraria... Mas infelizmente, naquele momento não tinha como. Mas não é só um menino, é o representante de uma legião de meninos, que sente a mesma dor. E eu digo dor por experiência!

(Joana Maria)

segunda-feira, 12 de março de 2012

Contradições!


As pessoas acreditam em destino,
Mas tentam mudar de vida, sempre!
As pessoas acreditam em deus,
Mas confiam mais no médico.
As pessoas acreditam em vida eterna,
Mas sentem pavor da morte.
As pessoas acreditam na oração,
Mas não dispensam um analgésico.
As pessoas acreditam que deus salva,
Mas ligam mesmo, é para os bombeiros.
As pessoas acreditam que deus sabe tudo,
Mas perguntam, só para o Google!
As pessoas acreditam na proteção divina,
Mas não dispensam a cerca elétrica.
As pessoas ungem seus filhos,
Mas correm para vaciná-los.
Na verdade elas não acreditam...
Querem acreditar, a qualquer custo!

(Joana Maria)



sábado, 25 de fevereiro de 2012

Parabéns a você


Parabéns a você,  
Pelo ano que passou,
Pela vida que ficou
Pelos caminhos percorridos,
Pela vida, já vivida!
Parabéns a você,
Por tudo que acumulou,
Sonhos, saudades, revoltas,
Traumas, decepções, ilusões,
Experiências, paixões, amores,
Dores, dores e dores.
Se olhar para trás,
Poderá ver no ar...
Mas, jamais voltar.
Anos e anos, soltos
Perdidos no tempo.
Parabéns a você,
Pelo ano que passou,
Era uma vez...
Se fizeste, fez...
Nada mais pode mudar...         
Nada a acrescentar,
Os erros sem concerto,
As obras finalizadas,
Porém sem o toque final.
Parabéns a você,
Pelo ano a menos...
Que tem para viver.

Eu não vejo beleza,
Em tudo que já se foi,
Vale a experiência?
Aprendeu muita coisa?
Que bela quimera.
É tão bom não saber,
E sem medo, poder errar,
Sem limites, sem censuras.
Seja o que fez da vida...
Se, aproveitou ou não,
Uma coisa é tão certa...
Mais velho ficaste!
E essas marcas na cara,
E essas marcas na alma,
E essas marcas na vida,
Já te tomam por completo,
Já não sobra espaço,
Para novas descobertas,
Para novos sentimentos,
Para os desejos da carne!

Parabéns a você,
Pelos anos vividos,
Pela vida que passou,
Já nem se sabe mais,
Se passou pela vida...
Ou se realmente viveu,
E resta tão pouco!

Parabéns nada!
Por mais esse passo
Nessa curta estrada,
A caminho do fim,
E nela, não se pode voltar,
Não se pode buscar
O que ficou perdido,
Não se pode apagar
Os erros, as insanidades,
Não se pode mais falar,
O que deixou de dizer.
Então, pra que aprender,
Se não se pode corrigir?
Compelido, apenas a seguir,
Até que os anos tantos,
Acabem por te derrubar...

Parabéns a você?
Não, não se deve agradecer,
Eu, não acho nada interessante,
Envelhecer!

Então... Parabéns por quê???
(Joana Maria 13/11/2000)



quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Bicho estranho


Conheço um animal
Um bicho estranho
Que faz cercas e muros
Que se prende
Por entre grades
Que delimita fronteiras
Que se apossa
Que consome
Que escassa
Que destrói.
Que odeia, por amor
Que escraviza
Que explora
Que mata e devora
Que rouba
Que mutila
Conheço um animal
De visão estreita
Que não respeita
Que não aceita
Que aparta os “diferentes”
Que dita as regras
Que afirma conceitos
Que se apossa de verdades
Um bicho estranho
Que criou outro bicho
Ainda mais estranho
Um bicho super poderoso
Que oferece um paraíso
E também o inferno
Que é capaz de absolvê-lo
Por ser um pai terno...
Dos seus mais hediondos
...“desacertos”!
(Joana Maria)

sábado, 28 de janeiro de 2012

Gosto...


Gosto dos prefácios reticentes,
Dos epitáfios sombrios,
Da realidade dos cemitérios,
Das histórias curtas,
Das frases concisas,
Dos poemas profundos,
Cheios de paradoxos.
Gosto dos dias quentes,
Que terminam em tempestade
Gosto dos cafés amargos,
Mas extremamente doces,
Gosto daquele olhar,
Que desvenda o ser.
Gosto da falta de juízo,
De varar a madrugada.
Gosto da falta de assunto,
Do silêncio, do murmúrio!
Gosto dos excessos saudáveis
De provar o mundo!
Gosto de viver a vida,
Em seus extremos,
E de pensar na morte.
Não gosto das convicções...
Por isso a morte me encanta,
Por sua falta de consideração
Às convicções do homem!


(Joana Maria)

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Diferente


Eu nasci diferente...
Não era a ovelhinha branca
Que minha mãe esperava
Mas nem negra também 
Era a ovelha listrada,
Azul, amarela ou xadrez.
Eu quis seguir o rebanho
Eu quis seguir o pastor
Eu quis viver o sonho
Eu quis me convencer
Eu quis acreditar
Que estava protegida
Que era especial
Que estava livre de todo mal
Devo confessar que a mim
Nenhum mal aconteceu.
Mas quando do alto eu via
Tantas ovelhas no abismo
Tantas ovelhas perdidas
Sem socorro, sem amparo.
Eu percebi que aquele rebanho,
Nem era um rebanho
Só acreditavam ser
Só "sonhavam" ser
Só queriam ter um protetor.
Percebi que não era bem assim.
O mundo não é um cercadinho
Onde todos são velados
Por um pastor incansável!
Que não permite invasores.
Você diz que estou errada
Que não é cada uma por si!
Então quando vier o lobo...
Não corre não pra ver,
Se alguém vai te proteger...

(Joana Maria)

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Então é Dezembro


Luzes, enfeites, presentes
É tempo de amor
É tempo de compartilhar
É tempo de perdão
É tempo de encontros
Festas, confraternizações.
A solidariedade está no ar.
É tempo de brindar
É tempo de fazer planos
Tudo começa outra vez.
É tempo de ser melhor
É tempo de repensar
É tempo de refletir
É tempo de ver o mundo
Com outros olhos...
É tempo de mudar!
Aproveita que é tempo
De usar sua hipocrisia
Sem ninguém te censurar!


(Joana Maria)

domingo, 6 de novembro de 2011

DÚVIDAS


O mundo assim, estranho mundo.
Não o compreendo, nem ele a mim.
Vive a girar... e o que mais?!
Infelizmente nada mais!
É tanta gente sofrendo e sofrendo...
agonizando... Morrendo,
e morrendo acabou, a morte é o fim!
Tem quem diga o contrario,
não é o fim... Apenas o início,
de uma nova fase!
Mas, quem foi e voltou?
Ninguém que eu saiba
então como dizer que não é o fim?
Ah...  Já viram àquela luz,
bem lá no fim do túnel...
Mas isso é delírio, fuga, ilusão!
Esse acreditar a todo custo,
é um modo um tanto covarde,
de não ver essa verdade:
Um sorri tanto, é feliz a vida toda,
outro sofrendo vive!
Um tem longa vida,
o outro morre ao nascer.
Um tem tudo que deseja,
o outro nada, nem pra comer!
E a compensação?
TERÃO VIDA ETERNA!
Ou outra vida outra chance,
Falem comigo, por favor,
os que vivem eternamente,
jamais os ouvi.
E as lembranças de outra vida,
quem as tem?
Juro que queria acreditar...
E juro que não consigo!
E o pior é que queria morrer,
só para saciar minha dúvida.
Parece engraçado, mas é trágico,
eu sempre quis morrer,
mas as amarras me mantiveram aqui!
Foram as dúvidas que me prenderam.
Mas se depois da morte, tudo acabar?
Apagar-se tudo, continuarei a ignorar,
não mais existirei, a quem perguntar?
então  jamais eu saberei,
que depois da morte, não existe NADA!
Mas... E se houver algo?
E eu me queimar nas labaredas eternas,
Ouvindo choro e ranger de dentes.
Essa parte poderei conhecer,
tenho pecados suficientes.
Mas se acaso for para o céu?
Não creio que possa,
Serei barrada, com toda certeza.
Mas de qualquer forma,só assim,
poderia enfim saciar  minhas dúvidas.
E mesmo de fora eu gritaria insistentemente
ao todo poderoso:
Tu és mesmo um deus de amor?
Então por que tanta miséria?
Por que tanto descaso?
Por que tantas injustiças?
Por que tantas doenças?
Por que promovestes tantas guerras?
Por que criou Lúcifer?
Por que àquela maldita árvore?
Por que desprezou os legumes de Caim?
Por que afogou inocentes,
por uma falha sua?
Por que...?
Antes que terminassem
Meus bilhões de por quês,
um vento forte,
me sopraria aos quintos do inferno;
E a estrondosa voz me diria:
Apartai-vos de mim, ser inferior
eu nem te conheço.
Quem és tu criatura insignificante
pra duvidar do meu amor?

Joana Maria em 21/07/2000

terça-feira, 18 de outubro de 2011

José + Maria


Sábado é culto
Domingo é missa
Joelhos dobrados
Dedos apontados
Josés e Marias
Dia e noite
Noite e dia
Sabem orar
Sabem rezar
Sabem julgar
Paulos e Pedros
Martas e Anas
Pecadores
Querem sonhar
Querem viver
Sobreviver
A esse mundo
Cão pastor
Sem amor
Por seus modos
Mortificados
Crucificados
Sem cruz
Sem salvador
Por Josés e Marias
Que só fazem
A vontade do senhor!



(Joana Maria)

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O QUE ME FEZ PENSAR...




O que me fez pensar não foi Charles Darwin
E a sua bem embasada “teoria da evolução”.
Não foi a expansão universal
A partir de uma explosão.
E nem os cientistas que afirmam que o universo
Continua a se expandir...
Não foram os religiosos com o seu...
“Faça o que eu falo, não faça o que eu faço”.
Não foram as guerras “santas”
Não foi a inquisição, “amor exemplar”
Não foi a caça as bruxas...
Não foram os escândalos de pedofilia,
Não foi a tolerância a isso!
Não foi a bomba de Hiroshima...
E os milhares de sequelados!
Não foram as cruzadas...
Nem o sonho de Hitler...
O seu desejo de uma raça “pura”
Não foram as barbaridades em nome de “deus”
Não foi a Bíblia “Sagrada” e seus absurdos,
Não foi o desrespeito a religiosidade e a cultura,
De centenas de povos...
Não foi a idade das “trevas”
Não foi a hipocrisia, a cegueira e o fanatismo.
O que me fez pensar e acordar...
Foram as pontes populadas,
Os morros repletos de barracos,
Indefesos perante as forças naturais.
Aquele que só come dos “restos”.
Aquele que morre de frio,
Aquele que morre de fome,
A criança, sem braço, sem perna, sem lar...
A criança que definha esquelética,
A criança morrendo de câncer,
Passando seus dias em um leito de hospital!
A mãe que chora a morte do filho...
E o que mais me fez pensar...
É como deus cura...
Uma dor de cabeça...
Ajuda a comprar um carro...
Mas deixa crianças morrerem de fome!
Ou não existe deus...
Ou não existe nele...
Uma gota... de JUSTIÇA e BONDADE!


Joana Maria




terça-feira, 27 de setembro de 2011

Meu pequeno Édem!

Me vi nua em um jardim
Expulsa do paraíso por mim.
Mas a serpente; Não sei
Acho que eu mesma a convidei.
Não queria mais ficar
Sempre olhando àquela árvore,
Sem poder tocar.
Provei do fruto e não morri
Acho até que renasci!
Despi todo o meu pudor
Sou de mim o meu senhor.
Expulsei deus do Édem
Assim que ouvi seus passos.
Meu Genesi escreverei
Meu próprio Édem, criarei
Nele não vou colocar
Árvore do Mal do bem
Não te farei de refém
A serpente pode entrar
Mas é muda, não pode falar
O meu Édem não é perfeito
Mas será sempre desse jeito
Aqui tem que plantar pra comer
Tem que lutar pra vencer
Tem que correr pra chegar
Tanto pode perder como ganhar
Só depende de você.
Não te encho de ilusão
Nem quero adoração.
Eu aprecio a liberdade
Sou isenta de maldade
Minha ira não se inflama
Não mato quem não me ama
E nem afogo as crianças.
Não tenho fé, só esperança.
É bom viver por viver
Pois um dia vai morrer
Saiba que não há nada eterno,
Não te prometo o céu...
Nem te mando pro inferno!


(Joana Maria)

domingo, 25 de setembro de 2011

A busca

Muitos dizem que me perdi.
Que em algum lugar do caminho,
Eu deixei minha essência...
E que perdi minha alma.
Dizem que perguntei demais,
E não entendi as explicações!
Sim eu concordo...
Em algum ponto me perdi.
Ao iniciar essa  busca dentro de mim,
Sim em algum momento
Da minha curta existência...
Vi-me vazia, e cheia de porquês.
Só tinha perguntas, interrogações...
E garnidos como resposta.
Era mesmo impossível entender
Então confesso, não entendi...
É verdade, em algum ponto do caminho...
Eu larguei minha alma o meu espírito...
Preferi o pó da estrada...
Preferi ser nada, ou muito pouco...
Ou apenas assumir, o que sempre fui...
Eu só não concordo em um ponto.
Não perdi minha essência...
Só a busquei incessante...
Na luta que eu travei...
Entre mim e o espelho...
Resolvi me encarar, me desafiar...
A sair lá de dentro...
Então me encontrei.
Não me escondo mais...
Dentro de mim, do meu espelho.
Essa sou eu, só a casca mesmo...
Essa é minha essência...
Eu por dentro, e eu por fora!
Eu sou esse ser...
Que vive, por viver...
Que quer se fazer lembrar...
E que podes julgar,
A mim não  importa...
Se meu “eu” não te agradar.

(Joana Maria)



quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Minhas coleções...

Abri meu baú
Cheio de teias e pó
 Arranquei tudo de dentro
Todos os meus guardados
Os meus tolos pensamentos.
Minha hipocrisia
Meu medo de pecar
Meu sonho de paraíso
Meu modelo de inferno.
Abandonei minha quimera
Arranquei espírito e alma,
Aquelas estórias de pai do céu
De homem coroado de espinho.
Joguei fora umas coisas
 Uma vela, uma cruz, a devoção
 Um cordão cheio de contas
Meu delírio, minha ilusão!
Tava tudo apodrecido
Cheirando a alucinação.
Fechei de volta o baú
 Nele não vou mais guardar
Utopias, mentiras ou amuletos.
Vou enchê-lo de verdades
E armazenar conhecimento.
Não adianta me julgar
Já joguei fora a culpa
De jogar tudo pro ar!


(Joana Maria)(01/09/2010)